terça-feira, 8 de setembro de 2009

Memorial de Francinaldo Aprígio dos Santos

Lembro-me como se fosse hoje, nos primeiros dias de aula, minha mãe me deixava na escola e eu ficava em pranto.Provavelmente, por sempre ter sido um garoto tímido, pacato e com muitas restrições para brincar e me socializar com outras crianças devido ao modo de criação de meus pais.Contudo, meus pais sempre almejavam um futuro melhor para mim, por isso eles se preocupavam e acompanhavam o meu desenvolvimento escolar, apesar deles terem pouca escolaridade. Então, o meu processo de alfabetização ocorreu no primeiro ano escolar, já que o método e a concepção de leitura utilizados pela professora eram sistemáticos e tradicionais, em que se trabalhavam o alfabeto e as famílias de palavras sequencialmente.
Naquele tempo, havia maior preocupação em ensinar o código alfabético para que o aluno no primeiro ano na escola, já se alfabetizasse. Apesar de não ter tido muito acesso a livros quando criança, esse objetivo foi alcançado, pois minha mãe se preocupava em manter-me em constante contato com a leitura e a escrita, e é por isso que já cheguei à escola sabendo o meu nome, o da escola, o dos meus pais e conhecendo o alfabeto e alguns números.
Dentre os poucos livros aos quais tive acesso, recordo-me de Chapeuzinho Vermelho e Os Três Porquinhos, e a leitura desses livros me proporcionava momentos de alegria e de concentração para entender completamente a história que estava sendo lida. Hoje, na escola, lê-se qualquer gênero textual que esteja na sequência do livro didático adotado pela escola; não se preocupando com o gosto do aluno,nem com aquele texto ou livro que seria mais interessante e que proporcionaria maior prazer pela leitura em alguns momentos importantes na aula,para que o próprio aluno se enverede pelo mundo mágico da leitura e, consequentemente, pela escrita.
Infelizmente, o que se observa hoje nas escolas, é que, lê-se e escreve-se por obrigação, necessidade ou até mesmo como forma de punição ao aluno.Portanto, esse aluno vai passar a sua vida escolar, tendo essa visão "terrorista" sobre a leitura e,como consequência, virão as dificuldades, as reprovações e as evasões em cada nível de escolaridade em que ele ingresse.E, provavelmente, sua maior frustação será ao chegar à universidade.Que leitores estão chegando às universidades?Que profissionais serão? Irão tomar gosto pela leitura numa faculdade?

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